8.8.09
20.6.08
Legítima defesa
Dizia que ela tinha a boceta dentada, tamanha a impressão que lhe causava. Bobagem, seria no máximo uma boca banguela; o fato é que uma vez mergulhado nela sentia seus anéis o sugando, espremendo como se quisessem tirar dele todo o caldo. Não relaxava nunca, em apertões ritmados torturava-lhe o pau e era assim que ele se sentia, uma vítima atormentada e refém da musculatura ágil; gozava meio a contragosto e o sabor que lhe restava era amargo.
No começo admirara sua habilidade, alardeara aos amigos e ansiava pelo arroxo morno e úmido, depois virou angústia da qual não podia livrar-se, adiava o momento o mais que podia gastando o que tinha de língua e dedos até que ela o buscasse imperativa. Incomodava-o perder o controle, incomodava-o sua destreza algo excessiva, imaginava-a em treinos exaustivos com bolinhas coloridas mas ainda assim o pau traidor se rendia, sua porra se esvaía rápida e ele, comedor de tantas e bem cantadas glórias, sentia-se impotente na alma.
Um dia brochou de verdade. Se a brochada era antes o avesso de cada gozo, a impotência da vontade diante do pau antes disposto e dócil, desta vez foi o contrário. Anunciou como quem comemora o gol, querida, brochei! Disse adeus àquela ginástica dos infernos, agora sim sentia-se amigo do próprio membro, companheiro que se postava leal junto às suas fileiras. Mulher nenhuma mandaria nele; antes assim, mole e recolhido, que rijo à mercê de uma louca voraz.
No começo admirara sua habilidade, alardeara aos amigos e ansiava pelo arroxo morno e úmido, depois virou angústia da qual não podia livrar-se, adiava o momento o mais que podia gastando o que tinha de língua e dedos até que ela o buscasse imperativa. Incomodava-o perder o controle, incomodava-o sua destreza algo excessiva, imaginava-a em treinos exaustivos com bolinhas coloridas mas ainda assim o pau traidor se rendia, sua porra se esvaía rápida e ele, comedor de tantas e bem cantadas glórias, sentia-se impotente na alma.
Um dia brochou de verdade. Se a brochada era antes o avesso de cada gozo, a impotência da vontade diante do pau antes disposto e dócil, desta vez foi o contrário. Anunciou como quem comemora o gol, querida, brochei! Disse adeus àquela ginástica dos infernos, agora sim sentia-se amigo do próprio membro, companheiro que se postava leal junto às suas fileiras. Mulher nenhuma mandaria nele; antes assim, mole e recolhido, que rijo à mercê de uma louca voraz.
Você deve pensar que eu sou maluca, cheia de neuroses, delírios, desassossegos, e, bingo, você acertou. As unhas são poucas para tanta parede a arranhar mas babo mansa quando meu nome dança em tua boca e esperar por aquilo que talvez nunca venha é ainda a minha melhor perspectiva; traço rotas de um ponto de fuga a outro pois já me fiz ao mar tantas vezes que não posso ocultar a verdade: a linha do horizonte é intangível, o meu caminho a paralela de excessão que nunca encontrará a tua, o infinito só existe em mim e em mim você não está. Não te prendo nem perdoo, o respeito é a grama sobre a qual um dia nos amamos, prefiro te ver correndo enquanto fico a escarafunchar minhocas, os seres subterrâneos, a terra úmida que me refresca a pele febril; porca-mãe obstinada, vaca sagrada a regurgitar, quanto mais surreal mais etérea e assim seja, bastam-me minhas próprias raízes, âncoras-grades que moldei passional, para ti um sonho que acaba à luz do sol.
16.6.08
Atualizei os links da lista aí ao lado. Tudo blog que eu vejo faz tempo mas acabava esquecendo de linkar. Gosto de todos, mas recomendo especialmente o Uia, que lista as baladas bacanas de todos os dias. Tá caçando o que fazer? Olha lá, a seleção da Ana é supimpa.
14.6.08
filme pornô
Ela olha para a câmera. Lentamente, ele introduz um lenço vermelho em sua boca.
_ Hold it.
Ela tem engulhos. Ele a esbofeteia.
_ Hold it.
Ela pisca e lacrimeja, mas seu rosto não se move. Ele termina de colocar todo o lenço.
_ Good girl.
_ Hold it.
Ela tem engulhos. Ele a esbofeteia.
_ Hold it.
Ela pisca e lacrimeja, mas seu rosto não se move. Ele termina de colocar todo o lenço.
_ Good girl.
12.6.08
4.6.08
3.6.08
Tia Rosa
Dela só lembro dos cabelos algo revoltos e do lenço amarrado no pescoço, de lado. Eram os anos 70 e ela usava saias rodadas.
Um dia bateu pino, pulou da janela do sobradinho e foi estatelar-se no quintal; quebrou a cabeça e a alegria da vovó. Embirutou de vez.
_ Crianças, olha o barulho, a Rosa está descansando.
O silêncio da casa durou pouco. Tia Rosa arranjou uma arma - uma moça bonita, de família, arranjou onde um revólver, caramba? -, no quarto deu um tiro na testa, foi pro hospital mas não deu jeito: nunca mais vovó seria feliz até os ossos, os ombros do vovô curvaram-se para sempre e Rosa Maria era um nome que não se dizia mais.
Partiu nova, aos trinta e poucos, mas ninguém nunca disse que tinha virado estrela. Na verdade, a nós, miúdos, ninguém disse nada. Ficou assim, uma lembrança etérea e delicada de tia com nome de flor. Até hoje, quando faço arte, com um sorrisinho maroto me pego pensando: tia Rosa também era lelé.
Um dia bateu pino, pulou da janela do sobradinho e foi estatelar-se no quintal; quebrou a cabeça e a alegria da vovó. Embirutou de vez.
_ Crianças, olha o barulho, a Rosa está descansando.
O silêncio da casa durou pouco. Tia Rosa arranjou uma arma - uma moça bonita, de família, arranjou onde um revólver, caramba? -, no quarto deu um tiro na testa, foi pro hospital mas não deu jeito: nunca mais vovó seria feliz até os ossos, os ombros do vovô curvaram-se para sempre e Rosa Maria era um nome que não se dizia mais.
Partiu nova, aos trinta e poucos, mas ninguém nunca disse que tinha virado estrela. Na verdade, a nós, miúdos, ninguém disse nada. Ficou assim, uma lembrança etérea e delicada de tia com nome de flor. Até hoje, quando faço arte, com um sorrisinho maroto me pego pensando: tia Rosa também era lelé.
2.6.08
E o melhor de tudo:
http://www.gamedesign.jp/index_en.html
Um site só de joguinhos bobinhos! Tem o dominó de esmagar o tomate! Hahahahahaha!
Gamei.
Update: Eeeeeca! Tem o cockroach dream, medonho, fiquei chocada. Nossa.
http://www.gamedesign.jp/flash/cockroach/cockroach.html
Só pra quem tem fé.
Ah, sim. Depois de expulsas do Astor, provamos o bolinho de arroz do Filial. Melhor, com grãos inteiros, queijinho derretido dentro, mas longe, longe dos bolinhos da Tia Silvia. E eu vou servir bolinho de arroz num casamento. Diante desta concorrência, impossível fazer feio.
http://www.gamedesign.jp/index_en.html
Um site só de joguinhos bobinhos! Tem o dominó de esmagar o tomate! Hahahahahaha!
Gamei.
Update: Eeeeeca! Tem o cockroach dream, medonho, fiquei chocada. Nossa.
http://www.gamedesign.jp/flash/cockroach/cockroach.html
Só pra quem tem fé.
Ah, sim. Depois de expulsas do Astor, provamos o bolinho de arroz do Filial. Melhor, com grãos inteiros, queijinho derretido dentro, mas longe, longe dos bolinhos da Tia Silvia. E eu vou servir bolinho de arroz num casamento. Diante desta concorrência, impossível fazer feio.
Direto ao ponto: o Astor é um boteco que fez fama por servir quitutes da culinária brasileira. Pois, uma vez lá acomodadas, pedimos uma porção de bolinhos de arroz. Chegaram à mesa umas bolinhas diminutas, sequinhas, a fritura foi bem feita. Mas o que era aquela massaroca de arroz quebradinho? Parecia o arroz que minha avó usava na canja do cachorro. Uma indecência. Cadê o gosto da salsinha, obrigatório no bom bolinho? Sumiu e deixou no lugar o gostinho dos caldos quinor.
Persistentes, pedimos uma porção de croquetes de carne. Valha-me deus! Uma coisa feita de carne triturada que parecia uma salsicha, com gosto de salsicha, senhores, croquete de carne se faz é com carne assada!
Aqueles salgados pareciam da sadia. Sabe o gostinho das coisas prontas da sadia? De coisa industrializada? Pois sim, quitutes da culinária brasileira.
E o garçon deve ter-nos achado desanimadas, entendeu que tinha o dever de fazer graças, tentar uma amizade. Será? Para logo depois servir correndo a saideira que o bar ia fechar. Que decepção. Faço questão de voltar, não.
Só uma pergunta: por que, por que, por que que eu tenho essa mania de tomar cachaça com o chopp? Ai.
Persistentes, pedimos uma porção de croquetes de carne. Valha-me deus! Uma coisa feita de carne triturada que parecia uma salsicha, com gosto de salsicha, senhores, croquete de carne se faz é com carne assada!
Aqueles salgados pareciam da sadia. Sabe o gostinho das coisas prontas da sadia? De coisa industrializada? Pois sim, quitutes da culinária brasileira.
E o garçon deve ter-nos achado desanimadas, entendeu que tinha o dever de fazer graças, tentar uma amizade. Será? Para logo depois servir correndo a saideira que o bar ia fechar. Que decepção. Faço questão de voltar, não.
Só uma pergunta: por que, por que, por que que eu tenho essa mania de tomar cachaça com o chopp? Ai.
31.5.08
"
Líquida e certa
A paixão é um rio que flui em mim. É água que não se detém diante de obstáculo nenhum. Contorna, passa por cima, desvia – mas segue.
É a paixão que abre meu corpo como se fosse a sua casa.
Você chega e ocupa cada um dos cômodos – como uma enchente.
Quando parte, me deixa líquida.
A paixão é o rio que escorre pelas minhas pernas.
Do curto e certeiro blog Duas Bocas, da Carmen (sem filtro).
Líquida e certa
A paixão é um rio que flui em mim. É água que não se detém diante de obstáculo nenhum. Contorna, passa por cima, desvia – mas segue.
É a paixão que abre meu corpo como se fosse a sua casa.
Você chega e ocupa cada um dos cômodos – como uma enchente.
Quando parte, me deixa líquida.
A paixão é o rio que escorre pelas minhas pernas.
Dezembro 27, 2007 "
Do curto e certeiro blog Duas Bocas, da Carmen (sem filtro).
30.5.08
Tia Inês
Sentada na espreguiçadeira, era o ícone da festa a começar. A cerveja gelada, o Rei no toca-fitas, mandou instalar um chuveirão no quintal para aproveitar melhor o sol e ficava dali assistindo; era a provadora oficial para o ponto de tudo, o molho, o recheio da torta, o palmito fresco.
A família ia chegando aos poucos e logo a mesa estava coberta de migalhas de pão e das cascas rosadas do queijo do reino, nós eramos quase sempre os últimos a chegar, ê, Fernando, perdeu a hora?
Antes de ir para a mesa separavam-se as porções dos ausentes, beringela para o Márcio, torta para a Célia, e então era a hora de atacar. O prato com florzinha era o da Inês e todo mundo já sabia, ele ficava lá, sobrando, enquanto ela bebia com calma e admirava o espetáculo do dá cá aquela coxa, o peito é meu, eu quero o pescoço.
Às vezes nos levava a passear. Uma tia, cinco sobrinhos, um ônibus e estávamos no Museu do Ipiranga, quem foi que deitou na cama do imperador? Glória das glórias, sempre chegava o dia da lanchonete e o céu era o limite para o tamanho dos sorvetes, aquários gigantes a transbordar coberturas.
Ela se dizia feia, muito feia, mas tinha o cabelo ruivo, sardas e muitos sorrisos.
A família ia chegando aos poucos e logo a mesa estava coberta de migalhas de pão e das cascas rosadas do queijo do reino, nós eramos quase sempre os últimos a chegar, ê, Fernando, perdeu a hora?
Antes de ir para a mesa separavam-se as porções dos ausentes, beringela para o Márcio, torta para a Célia, e então era a hora de atacar. O prato com florzinha era o da Inês e todo mundo já sabia, ele ficava lá, sobrando, enquanto ela bebia com calma e admirava o espetáculo do dá cá aquela coxa, o peito é meu, eu quero o pescoço.
Às vezes nos levava a passear. Uma tia, cinco sobrinhos, um ônibus e estávamos no Museu do Ipiranga, quem foi que deitou na cama do imperador? Glória das glórias, sempre chegava o dia da lanchonete e o céu era o limite para o tamanho dos sorvetes, aquários gigantes a transbordar coberturas.
Ela se dizia feia, muito feia, mas tinha o cabelo ruivo, sardas e muitos sorrisos.
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